Tolerância e bom-senso devem regular a relação entre vizinhos de religiões diferentes
Extra
A manicure e cabeleireira Cristina Lima, de 34 anos, é umbandista. Médium, uma vez por mês, ela incorpora entidades. A sessão, que costuma reunir cerca de 15 pessoas, é feita no terraço da sua casa, em Brás de Pina. Nas reuniões, não há instrumentos musicais. Mas há cantos:
– Não faz barulho, mas, como fica no alto, dá eco.
Antes da primeira sessão, o vizinho, evangélico, a cumprimentava. Depois que descobriu a religião dela, passou a colocar o som alto com canções gospel e a falar ao microfone, chamando-a de demônio.
Denúncias de pessoas que se sentem importunadas pelos vizinhos por questões religiosas são bastante comuns. Há reclamações que vão desde o uso de defumadores ao som de cultos que o morador faz em casa.
– Isso acontece porque há pessoas que querem impor sua religião. Nem todo mundo consegue viver de forma pacífica – afirma o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR).
Sérgio Simões, advogado especialista em Direito Imobiliário, aconselha bom-senso:
– Não pode ter excesso de nenhuma parte. Embora a Lei do silêncio comece às 23h, não pode perturbar o vizinho, independentemente de horário.
Segundo o Artigo 208 do Código Penal, ridicularizar alguém por causa de sua crença religiosa ou perturbar uma cerimônia é passível de multa ou detenção de um mês a um ano.
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