Elementos vivos viram matéria-prima para edifícios e mobiliário
Folha
A interação entre o design e a biologia é o alvo das investigações do professor norte-americano William Myers (34).
Autor de “BioDesign: Natureza, Ciência e Criatividade”, publicado no ano passado pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), ele propõe o uso de organismos vivos como parte constitutiva de peças do mobiliário, edifícios e outras utilidades.
Veja os principais trechos de sua entrevista à Folha.
Folha – O que é biodesign?
William Myers – É uma forma criativa de trabalhar com a natureza, sem agredi-la, engrandecendo com o design. Arquitetos e designers lidam com a biologia há muito tempo, basta ver como transformam árvores em móveis. O que eu procuro são novos exemplos dessa integração, mas com sistemas literalmente vivos. É o caso do bioconcreto, em que bactérias são utilizadas para fechar rachaduras no concreto.
Quem realizaria este trabalho?
Um designer em colaboração com um cientista, por exemplo. E hoje, com a internet, podemos descobrir, em poucos minutos, tecnologias e materiais novos para confeccionar uma peça. Mas há muito conhecimento que os designers nem sempre valorizam. Gostaria de ver cursos de design em que os alunos pesquisassem biologia.
O livro busca contribuir na formação desses profissionais?
A intenção do livro é ajudar as pessoas a verem que há uma série de grandes eventos biológicos acontecendo e nós não devemos ter medo deles, mas olhá-los como parceiros potenciais. Estamos condicionados a ver micróbios como ameaça, mas acho que isso está mudando devagar.
Como o biodesign se relaciona com o meio ambiente?
É importante para o biodesigner preservar condições de florescimento para os sistemas vivos que utilizará. É o caso de pontes na Índia feitas com raízes de árvores vivas. Algumas têm quase 400 anos e, para garantir que funcionem, as árvores precisam estar saudáveis.
O biodesign é mais caro?
Depende de como definimos custos. O valor de um plástico produzido a partir do crescimento de cogumelos pode ser alto, mas, se contarmos que o plástico sintético agride o ambiente e necessita de fontes do petróleo, vamos perceber que ele custa muito mais que a solução do biodesign, que utiliza um processo já em curso na natureza. O biodesign começa a entrar no consciente das pessoas. Leva certo tempo até que elas consigam identificá-lo, mas sou otimista quanto ao futuro.
Vejam algumas fotos http://i9v.me/engo
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